Amava os finais de tarde no Rio.
Era quando sua tosse atravessava o comprido corredor. Daí mamãe falava sem
precisar: “seu pai.” Sempre que penso em saudade doída, lembro-me de você
voltando para lá. Em São Paulo, meu choro e a doença da mamãe espremidos entre
bloquinhos rabiscados.
Toda vez que penso na minha vida escolar, ouço nosso silêncio das 5h. Tempos de conselhos sem fim: “estude, leia, seja independente”. Ficaram.
A nossa veneração aos cinemas do centro. Salas fantásticas, imensas. O inesquecível Corcel Negro. Esforçava-me para ler a legenda muito rápida pra pouca idade. Solidário, de tempos em tempos, você perguntava: “quer que eu leia pra você?”. Grudada na tela, balançava rapidamente a cabeça negativamente. A nossa paixão por Blade Runner me rendeu um vinil.
Ah, e como poderia esquecer do E.T. A nossa inesquecível maior fila de todos os tempos. Entramos, mas o filme já havia começado. Enquanto procurávamos um lugar, policiais caçavam o extraterrestre. Não o encontram; mas Elliot, sim. Mergulhamos no subúrbio. No final, você inova: “vamos assistir de novo?"
Bob's na avenida Brasil. Um verdadeiro oásis. Sentada no balcão, virava quantos sucos de uva conseguisse. Ainda hoje consigo sentir o gosto da comida das inúmeras pensões que frequentamos no Rio e da comida enlatada que você teimava em comprar.
Já São Paulo tem gosto de Dom. No final dos anos 1970, a portinha lá na rua Aurora, quase esquina com a rua do Arouche, escondia garçonetes incríveis e os seus pratos dançantes. As mesinhas forradas com fórmica eram lindas, mas éramos da casa, pertencíamos ao balcão.
Toda vez que penso na minha vida escolar, ouço nosso silêncio das 5h. Tempos de conselhos sem fim: “estude, leia, seja independente”. Ficaram.
A nossa veneração aos cinemas do centro. Salas fantásticas, imensas. O inesquecível Corcel Negro. Esforçava-me para ler a legenda muito rápida pra pouca idade. Solidário, de tempos em tempos, você perguntava: “quer que eu leia pra você?”. Grudada na tela, balançava rapidamente a cabeça negativamente. A nossa paixão por Blade Runner me rendeu um vinil.
Ah, e como poderia esquecer do E.T. A nossa inesquecível maior fila de todos os tempos. Entramos, mas o filme já havia começado. Enquanto procurávamos um lugar, policiais caçavam o extraterrestre. Não o encontram; mas Elliot, sim. Mergulhamos no subúrbio. No final, você inova: “vamos assistir de novo?"
Bob's na avenida Brasil. Um verdadeiro oásis. Sentada no balcão, virava quantos sucos de uva conseguisse. Ainda hoje consigo sentir o gosto da comida das inúmeras pensões que frequentamos no Rio e da comida enlatada que você teimava em comprar.
Já São Paulo tem gosto de Dom. No final dos anos 1970, a portinha lá na rua Aurora, quase esquina com a rua do Arouche, escondia garçonetes incríveis e os seus pratos dançantes. As mesinhas forradas com fórmica eram lindas, mas éramos da casa, pertencíamos ao balcão.