sexta-feira, agosto 07, 2009

Sinais

Contei os tijolos da parede
Contei as noites e os dias
Contei as formigas
Contei os fios de cabelo,
As unhas
As rugas e os riscos de minha mão
Rasguei-me inteira para ver de que sou feita
Sou feita de seda e pó
Sem costuras porque sou humana
Não vejo as cicatrizes de onde olho
As cicatrizes estão por dentro


Me costuro viva
Me costuro viva
Me costuro viva
Não me costuro morta
Não me costuro morta


A pedra entre meus olhos
Há de me matar
De dor
Ninguém ouve o que digo
Não digo para que ouçam
Não tenho medo
Não tenho nada a dar a ninguém

Helena Schopenhauer Borges

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