segunda-feira, abril 12, 2010

Mas amo por amar, que é liberdade

E pois coronista sou.

Se souberas falar também falaras
também satirizaras, se souberas,
e se foras poeta, poetaras.

Cansado de vos pregar
cultíssimas profecias,
quero das culteranias
hoje o hábito enforcar:
de que serve arrebentar,
por quem de mim não tem mágoa?
Verdades direi como água,
porque todos entendais
os ladinos, e os boçais
a Musa praguejadora.
Entendeis-me agora?

Permiti, minha formosa,
que esta prosa envolta em verso
de um Poeta tão perverso
se consagre a vosso pé,
pois rendido à vossa fé
sou já Poeta converso

Mas amo por amar, que é liberdade.

Gregório de Matos

Crônica do Viver Baiano Seiscentista
obra poética completa
Códice James Amado
Vol. I


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