domingo, junho 08, 2014

Qual o seu percurso (escolar) no processo narrativo?



Minha experiência foi muita boa. Lembro-me de que a partir da 5ª série minha professora chamava a atenção para a forma como o autor havia construído seu texto, por exemplo, se ao optar por esta ou aquela forma, ele visava a um efeito. E ali eu comecei a pensar se era a intenção do escritor desde o início ter escrito daquela forma, por que aquele texto era diferente de outros etc
Para ampliar o nosso repertório, ela se utilizava sempre de meios para além do texto escrito: fotografias, música, filmes entre outros. Nós também líamos muitos livros ao longo do ano que eram sempre cobrados por meio de provas.
Esta professora também nos fazia analisar e produzir muitos textos ao longo do ano; mas ela sempre trabalhava por etapas. Aos poucos, a classe trabalhava com o enredo, o conflito, o processo de construção da personagem, do narrador, do espaço, do tempo e o clímax. Isso resultava numa convivência maior com os elementos da história e com as personagens que criavam vida ao longo do ano. Em algumas aulas, a professora promovia também o encontro das personagens. Assim, divididos em duplas ou trios escrevíamos uma história a ‘quatro’ ou ‘seis’ mãos.

sexta-feira, junho 06, 2014

Portfólio




Nos portfólios, os educadores têm documentado (numa pasta ou dossiê ou em suporte digital) seu percurso profissional, com as obras mais marcantes e significativas. Segundo Terezinha Guerra, os educadores contemporâneos sugerem que seja feita dessa forma a organização dos registros dos alunos e também os do professor.
João Grilo Alandroal ressalta que o portfólio é uma coleção pequena e organizada, com muito critério, de materiais produzidos apenas pelo professor ou também com outros colaboradores. Ele ainda destaca que o material seja representativo: do seu trabalho; do seu estatuto profissional; da sua competência pedagógica; do seu conhecimento dos conteúdos que leciona; de outros atributos pessoais e profissionais que contribuem para o tornar um professor único.
Quanto à história do portfólio, Alandroal nos conta em seu blog que o conceito de portfólio sofreu muitas mudanças ao ser usado na área da educação, sobretudo, na avaliação do desempenho dos professores. Seu início nesta área acontece, nos anos 1970, no Canadá, e é chamado de ‘teaching dossier’. Mas o ‘portfolio movement’ aconteceu, nos anos 1990, nos EUA. É daí que veio um dos primeiros textos que tratava do assunto de forma teórica: “The scholteacher’s portfolio: an essay on possibilities”, de Tom Bird. Atualmente, os portfólios ganharam destaque em âmbitos tão diversificados como, por exemplo: a avaliação da aprendizagem dos alunos;
a avaliação de professores em formação e certificação de professores; a avaliação dos professores universitários; como forma especial de Curriculum vitae, demonstrativo de determinadas competências e capacidades para determinado emprego ou função.
Segundo Elisa Kerr, o portfólio só faz sentido se for para despertar e aprimorar as competências dos educandos. Dessa forma, ela sugere que façamos a questão:  “Como trabalhar a atividade para colocar no portfólio”. Para ela, pode ser: avaliação, projetos, atividades, pesquisas etc.
João Grilo Alandroal ressalta que o portfólio deve conter materiais e recursos produzidos pelo professor ou em colaboração com outros.
E ainda, de acordo com Terezinha Guerra, o portfólio deve trazer rascunhos, projetos, anotações, reflexões, trabalhos individuais ou em grupo, relatórios, entre outros marcos significativos de aprendizagem.  O professor também deve elaborar o seu portfólio, de cada classe, com registros de cada aluno ou grupos de alunos, com suas reflexões, anotações, avaliações, enfim, com a história de seu percurso com aquele grupo de alunos que lhe foi confiado naquele período de tempo.
Segundo Terezinha Guerra, é indispensável que os portfólios sejam compartilhados entre os alunos da classe, com outros professores da escola assim como com os pais. O portfólio do aluno deve ter suas produções e deve documentar sua trajetória durante um determinado projeto ou ano escolar. Como cada portfólio é único, deve sempre ter a marca de quem o elabora. Por isso, deve ser vivo, dinâmico e nunca algo burocrático, feito por obrigação, como um exercício sem sentido.
O portfólio deve ser feito tanto pelos professores quanto pelos alunos. Segundo Terezinha Guerra, cabe ao professor a orientação do aluno, que pode combinar os critérios de seleção dos trabalhos com a sua turma. Assim, podem fazer parte: textos, desenhos, rascunhos, projetos, entre outros marcos significativos de aprendizagem. Segundo ela, o material deve ser organizado de forma que destaque o envolvimento do aprendiz no processo de ensinar/aprender.

quinta-feira, junho 05, 2014

Registro



O exercício do registro é o exercício da memória. Somos aquilo que o registro nos traz, já que nossa memória é seletiva. Por exemplo, ao tirar hoje uma foto com nosso avô, daqui a dez anos, ao olharmos a foto, nosso avô será o que a memória nos traz. É por isso, por exemplo, que os japoneses dão tanta importância à fotografia. É muito interessante também pensar na forma singular como o ser humano lida e, sobretudo, acessa do presente o passado e daí também projeta o futuro, com a ressalva de sermos também a espécie que tem consciência da morte, do fim. Para tanto, é inerente a esse ser simbólico e cultural o exercício do registro. Lembrei-me do romance “Eu sou um gato” (Estação Liberdade), do admirável escritor japonês Natsume Soseki. Escrito em primeira pessoa, do ponto de vista de um gato, o personagem narra a vida ao lado de seu dono, que é um professor. Numa passagem, o gato questiona o fato totalmente incompreensível para ele de o dono manter um diário: “Em primeiro lugar, não mantemos (os gatos) algo tão inútil como um diário” (...) “Tivéssemos tempo para manter um diário, seria melhor desfrutar esse tempo cochilando na varanda". Assim, de forma, sagaz, o autor ressalta justamente essa ‘estranha mania do homem’: o registro. Trazendo a questão à sala de aula, penso que o registro é um excelente método para o aluno realizar o processo de decomposição e composição tão necessários para a análise – síntese. Mas é necessário, como bem observa a educadora Terezinha Guerra, que o professor, por meio da prática, perceba os momentos sínteses de cada proposta, de cada situação que merecem ser registradas, ou seja, apenas os momentos mais significativos. Porque como discorre o gato da história “Eu sou um gato” é importante viver, inclusive, para termos momentos significativos para registrar!