O discurso de Raimundo é marcado pela tensão. Ele não consegue ter uma definição consciente de si mesmo, pois o seu discurso é orientado em relação ao discurso do outro. Assim, não consegue reconhecer e nem se libertar do poder que tem o que os outros dizem ou pensam a seu respeito.
O discurso de Raimundo busca principalmente simular sua indiferença ao discurso do outro e, para contrariá-lo, a personagem lança palavras indesejáveis para ele. Por causa da influência da palavra antecipável do outro, Raimundo entra em polêmica interior desde o começo da narrativa.
Desenvolve-se também outra relação com o discurso “do outro”, a vontade de fugir do alcance dos olhares “do outro”, o desejo de se esconder. Nesse diálogo consigo mesmo, Raimundo substitui com sua própria voz a voz de outra pessoa. Assim, a segunda voz deve substituir o “outro” para ele mesmo. Essa voz passa de diálogo interior para diálogo aberto durante a imersão de Raimundo ao universo imaginário de Tatipirun e em monólogo ao final da viagem.
No universo imaginário, Raimundo se transforma praticamente numa personagem de si mesmo e participa ativamente dos diálogos (diretos) que articula (via pensamento) com as demais personagens – refletores dos desejos, dúvidas, curiosidades desse menino que brinca sozinho por ser rejeitado pelos demais.
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